20 de jun. de 2011

O Preconceito e a Depressão

Todos nós devemos enfrentar e lidar com as decepções em diferentes momentos de nossas vidas. Desencorajar-se é algo profundo e em maioria das situações ocorre com a pessoas que sofrem de depressão.
Quando falamos em preconceito relacionado a depressão, podemos citar múltiplas causas polêmicas. Há pessoas que acreditam que esta doença ocorre por um mal afetivo, sentimental, desilusão amorosa etc. Sabe-se que as causas da depressão são inúmeras, mas de fato está intimamente associada ao desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro.
O preconceito ocorre por parte da sociedade como também pode ser alvo do próprio depressivo. Na maioria das situações, esses conflitos ocorrem devido a não aceitação dos transtornos, das alterações mentais, físicas e psíquicas. Buscar ajuda torna-se muito difícil.
Para muitos, sofrer de depressão é um confronto aos seus princípios. A falta de diálogo e entendimento sobre o assunto dificulta a compreensão da doença e sugere a idéia de poder minar sentimentos, relacionamentos e até mesmo a vontade de viver. É preciso entender que uma pessoa depressiva possui suas limitações e dificuldades. Tantos conflitos conduzem à necessidade de auxílio como o tratamento e o uso de medicamentos para conviver e lidar com as mudanças e conflitos que afetam a vida depressiva. Para isso, se faz necessário encontrar um médico psiquiatra.
Atualmente na maioria dos casos, o tratamento medicamentoso associa-se a psicoterapia, atividades físicas e demais métodos que auxiliam a liberação da sensação de prazer e bem estar para o organismo. Como a depressão é uma doença multifatorial, existe a necessidade da associação de tratamentos múltiplos aos antidepressivos e demais medicamentos.
Retomando o tema inicial, quando me vi no extremo da depressão, sofri preconceito no meu convívio social, no meu trabalho, na minha família e comigo mesma. Para a minha família a depressão ainda era oculta, desconhecida e para mim...inaceitável! Como essa doença poderia invadir e dominar minha vida? Eu tão jovem, recém graduada, com tantas ambições, anseios, expectativas, uma mulher independente sobrevivendo com os resultados de meus esforços. Sempre fui exemplo para minha família.
A depressão não aceita intensificou-se, comprometendo minha mente, meu organismo...então os males físicos tornaram-se conseqüência. No meu caso, fiquei muito doente. Sentia-me fraca, deixei de me alimentar adequadamente, perdi o prazer de viver. Tornei-me uma pessoa anêmica, meus leucócitos e minhas plaquetas reduziram significantemente, comecei apresentar sangramentos nasal com gande freqüência e até hoje vou ao hematologista todos os meses. Todos esses sintomas físicos faziam com que eu me sentisse mal e somatizado a depressão, comecei a faltar com freqüência no trabalho. Perdi completamente o prazer pelas minhas atividades. Recordo que algumas pessoas comentavam sobre minhas faltas. Era como se eu fosse uma pessoa descompromissada, diversos comentários surgiram ao meu respeito. As pessoas associavam as minhas dificuldades com preguiça e má vontade. Isso me indignava; hoje não dou a miníma importância, pois foi sofrimento demais, o qual em palavras não posso descrever.
É difícil se descobrir, aceitar e realizar o tratamento. Lutei contra por muito tempo. Me sentia sem apoio para buscar ajuda. Eu queria transparecer uma mulher forte, corajosa e transbordante de felicidade. Depressão era coisa de "fracos". Tudo isto contribuiu para que eu não me cuidasse; tinha medo de fazer análise e preder a inspiração. Mas as conseqüências foram sérias. 
Certa vez, ouvi uma pessoa mencionar que eu não tinha depressão e sim falta de amor. Nem preciso dizer que tamanha deselegância não mereceu resposta. Acredito que para falarmos de algo, seja o que for, devemos ter o minímo de entendimento e sabedoria com relação ao assunto. Talvez a pessoa não o tivesse, o que dificultou, assim como para muitos, entender o meu sofrimento e o conceito de depressão.
Quanto ao amor...eu tenho de sobra! Sou uma pessoa extremamente amorosa, tenho uma família que mesmo em meio às dificuldades me ama, alguns amigos verdadeiros que se fizeram presente na pior fase, pessoas que me animam quando penso em desistir. Realizo o meu tratamento corretamente, me aceitei.  Minha psicológa é maravilhosa e o meu psiquiatra além de ético e disponível, me auxilia e me trata com muita dedicação e respeito. Tenho o privilégio do "amor incondicional" de Deus que por me amar tanto, mesmo eu tentando o suícidio, me concedeu uma oportunidade nova de recomeçar e hoje estar dividindo minhas vivências com vocês. Creio que tudo isto são diferentes formas de amor!
Minhas medicações me tornam mais confiante e forte para enfrentar meus problemas. Não sou uma pessoa sedada. Vivo um dia por vez e mesmo que eu esteja mal, triste e solitária, acredito que me tratando, o pesadelo vai passar. Luto diariamente contra a depressão e busco minha evolução e a tão sonhada felicidade. Tenho meus momentos difíceis, diria inúmeros. Há dias que me isolo no quarto, há outros que não sinto vontade de fazer nada, apenas chorar. Mas por amor a mim e aos que me amam, sigo em frente e estou certa de que vou me curar.
Você depressivo (a) não desista jamais! As adversidades serão muitas, mas elas revelarão o que existe dentro de vocês. Cada vez que Deus nos dá favor, ele demonstra seu amor por nós.
A sociedade nos propõe que ganhar é tudo e que sucesso significa viver sem derrotas, mas elas existem e juntamente com as dificuldades compõem a vida. Ser depressivo não significa estar no fim do túnel. Hoje sei que o fracasso é parte verdadeira do sucesso. Por isso vou vencer! Jamais tenha vergonha de ser quem és. Tenha humildade suficiente para assumir a depressão e se tratar, busque auxílio. Isso é se amar!
Insira em seus dias os princípios que irão mudar sua vida. É preciso resgatar a capacidade de amor próprio e de lutar contra a depressão e o preconceito pois cada qual sabe a dimensão da sua dor. O preconceito conduz as pessoas ao abismo e a eterna ignorância.



"...Mesmo que a esperança se vá, ensina-me amar.
Mesmo nos momento sem fé, ensina-me amar..."


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