2 de jun. de 2011

E de repente me encontro depressiva novamente. Como mencionei anteriormente, meu primeiro contato com a depressão foi aos 16 anos. Atualmente luto para me recuperar desta doença a quase um ano. Na verdade, nada disso começou derepente. Eu não dormi e acordei depressiva. Há alguns meses eu sentia uma tristeza incomensurável, uma dor no corpo e na alma, uma vontade enorme de desistir de mim e da vida. Porém, eu sempre tive uma imagem de pessoa forte e feliz, então eu acreditava que ao me entregar  à depressão, eu decepcionaria a minha família, os meus amigos e meus companheiros de trabalho. Como vimos em temas ateriores, a depressão é contrária a nossa vontade. Os neurotransmissores encontram-se em desequilíbrio constante.
Há dias eu estava muito amargaruda, mas as rotinas diárias me consumiam: trabalhar em dois empregos noturno, estudar pela manhã, compromissos etc. Conseqüentemente eu dormia quatro horas por dia, não tinha vida social e meus amigos claro...se afastaram, afinal quem teria paciência com uma pessoa assim? As maioria das pessoas gostam de pessoas normais, de festas, baladas. Quando precisamos, a maioria some. Os que ficam são os amigos verdadeiros e a família.
Retomando, um dos meu empregos era minha tortura, lá eu fiz grandes e verdadeiras amizades, mas não me recordo de ter tido um dia de felicidade naquele lugar. Muita gente sem caráter. Nós trabalhavámos com o risco iminente de punições.
A minha situação piorou quando eu fui ameaçada de morte por uma usuária de drogas e acreditem, não tive apoio nenhum de chefia. Ao contrário, fui remanejada de setor como forma de punição. Eu tinha para mim, que eu deveria cumprir minhas tarefas e jamais prejudicar um cliente que dependia de mim naquela UTI. Eu amo o que faço, Deus me tornou capaz para a profissão de enfermagem, então eu não queria pedir minhas contas, mesmo porque minha família e eu passamos por muitas dificuldades e através desse esforço a nossa situação estava favorável. Quanto ao meu outro trabalho, desanimei pelo fato de ter concluído a graduação, ter participado do processo seletivo interno o qual fui aprovada e não recebi minha promoção. Era um direito meu ser promovida, mas isso não aconteceu e eu não tive direito a nenhuma explicação. Embora a situação fosse humilhante, meu trabalho sempre foi realizado da melhor maneira possível assim como desde o meu primeiro dia de admissão. Lamento pelos meus colegas, me tornei uma pessoa extremamente difícil, irritada, mal humorada e eles sempre tiveram a maior paciência. Minha mãe sempre dizia que Deus tinha o melhor para mim, mas nada acontecia. Eu até ajudei colegas a conseguirem emprego...mas eu não tive a minha oportunidade. Derepente, o desespero me fez perder a fé, deixei de acreditar em Deus, em tudo. E aí de quem tentasse me fazer pensar o oposto. Somatizando meus problemas no trabalho, familiares, problemas da vida e ausência de amizades verdadeiras, comecei a me envolver sentimentalmente com as histórias dos clientes. Eu estava em uma fase  incrédula, não entendia e nem queria entender o porque de tantos sofrimentos. Conseqüentemente foi a fase que eu me entreguei, começaram surgir os sintomas fisícos. Minha saúde ficou debilitada, eu tive uma anemia séria, comecei a faltar nos trabalhos, minha única vontade era morrer. Deixei de fazer a pós-graduação, lazer, amigos, passeios, tudo tornou-se coisas impossíveis. Em 02/03/11 tive um plantão estressante naquele hospital que eu odiava. Uma pessoa mal caráter que lá trabalha causou o maior transtorno entre os colegas e eu por motivo banal...folgas. Eu fiquei desesperada, às 04 horas da manhã liguei para minha mãe angustiada e aflita, e ela tentando me acalmar pediu que eu não abandonasse o plantão para não prejudicar os pacientes e a mim mesma. Diante de tantos problemas, pela manhã tentei falar com a gerente de enfermagem, mas não fui atendida. Eu fui tão humilhada naquele lugar. Para a chefia, eu era só mais uma, não importava o que eu fazia.
No caminho de casa, quase me envolvi em um acidente na rodovia. Cheguei chorando desesperadamente, quebrei várias coisas, gritava...comportamentos que não eram meus. Sempre fui severa em algumas atitudes,  mas eu era e sou muito amorosa e amiga. Minha família ficou em pânico. Pensaram até em chamar o Samu para ajudá-los. Até que minha irmã conseguiu falar com meu médico psiquiatra. Conforme conduta dele, fui atendida em um PS Psiquiátrico, uma clínica excelente de primeira linha. Tempo depois voltei para minha casa, e então não mais retornei ao trabalho. Hoje, faço uso de antidepressivos, neurolépticos, ansiolíticos e indutores do sono. Vou a psicanálise e a terapia toda semana. Ouço várias pessoas dizerem que a depressão não existe, que eu tenho falta de amor, que eu não quero lutar...mas nada do que me dizem eu considero. É ignorância falar daquilo que não conhecemos e amor eu tenho de sobra. Não namoro, mas tenho uma família maravilhosa e se eles não me amassem, não suportariam tudo o que estou passando. Não estou sozinha! Sei que Deus  está presente em minha vida. Minha fé renovo diariamente, pois se eu perdê-la outra vez, me suícido.
Se reconhecer depressivo é uma vitória! Eu busco conhecer tudo a respeito da minha doença, isso me deixa mais leve e eu entendo que tenho que fazer o tratamento corretamente e um dia, estarei recuperada. Agradeço a Deus, a minha família e ao meu psiquiatra, pois se hoje estou viva...foi porque eles me tiraram do abismo. 

Um comentário:

  1. Oh Nega , estamos ai para o que der e vier. Você é Guerreira e esta fase ruim vai passar. Nenhum sofrimento é eterno.

    Estamos aqui sempre que você precisar.

    Bjus.

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