3 de jun. de 2011

Muitos imaginam que fiquei feliz com o meu afastamento do trabalho. Ao contrário! Talvez isto esteja entre minhas  maiores decepções e frustações da vida. Jamais poderia imaginar e aceitar que eu estaria incapacitada para fazer o que tanto amo. Mas enfim, foi conduta do meu psiquiatra e como tenho grande confiança e respito pelas condutas dele...apenas segui suas determinações. O transtorno é ter que ir a médico do trabalho, explicar mil vezes o que acontece (e eu muitas vezes nem eu sabia o que se passava com meus sentimentos, imagine explicá-los?). Mas o pior mesmo é a bendita perícia. Como pode um médico (perito) ser tão desumano? Um dia antes de ir ao INSS eu chorava, tinha insônia, enxaqueca, náuseas, vômitos e tudo o que vocês possam imaginar. Apesar de tamanha humilhação, eu consegui meu benefício. No ínicio foi difícil. A fase de transição, aceitação da depressão, a sensação de inutilidade, a amargura, a infelicidade, tudo somatizado a ausência de fé...imaginem? Era destrutivo e cada vez mais desanimador!
Eu sempre fui sorridente, cheia de vida...e derepente o mundo tornou-se miragem aos meus olhos. 
Nos meus primeiros dias em casa eu dormia até duas, três horas da tarde. Acordava sem vontade de ver o mundo, de ver pessoas. Até os dias de sol se tornavam uma tarde cinzenta e fria. Em palavras, não consigo definir a dimensão da minha tristeza. Trabalhar espantava meus pensamentos e a solidão. Minha família sofrendo junto. Minha mãe fazia surpresas para me animar, mas no íntimo, sei que ela estava sofrendo comigo ou talvez até mais que eu,  e assim mesmo não deixava transparecer.
Não vou dizer que hoje a situação está diferente. Às vezes me pergunto o porque estudei tanto, os esforços que eu fiz, as noites mal dormidas, tenho vergonha de ser quem eu sou, não sou capar de amar e deixar alguém me amar, que sou feia etc. Mas acredito que cedo ou tarde vou me deparar com todas estas respostas.
Atualmente faço uso de um antidepressivo recente no mercado, com ingestão diária de 225 mg ao dia. A minha ansiedade (diária) controlo com ansíoliticos, faço uso de neurolépticos e durmo aos efeitos de indutores do sono. Algumas atividades como dirigir estou proibida, espero que por curto prazo.
Não é fácil se aceitar depressivo e muito menos realizar o tratamento. Quando sinto o desejo de jogar tudo para o auto, foco meu pensamento em Deus e na minha família. Muitas pessoas se afastaram, outras acreditam que estou fingindo pelo simples fato de não trabalhar...imagina! Seria até pecado. Mas tenho amigos fiéis, queridos, que gostam de mim. Ando até mal acostumada...receber visitas, presentes, carinhos é espetacular não? Não vou citar nomes, mas essas pessoas especiais sabem quem são e sei que Deus supremo irá recompensá-los.
Como já disse: minha luta é diária. Tem dias que acordo bem, derepente fico baixo astral. Em outros acordo mal, não quero ver ninguém. Essa alteração de humor é o que me consome. Mas a psicanálise, a terapia e os medicamentos me auxiliam nestes momentos. Não pensem que os psiquiatras e psicólogos são bonzinhos, eles nos mostram a realidade e auxiliam no que preciso, isso nos faz ir avante. Mas eu tenho muito o que agradecer à eles. Em especial ao Drº Izaac pelos insetivos e pela confiança em mim depositada. Sem contar nas inúmeras vezes que eu ligo para "incomodá-lo" rs...e ele sempre com paciência e preocupação! Meu médico e meu amigo.
Depressivos, quero deixar neste blog uma idéia de recomeço. Não quero descrever minhas frustações, mas sim demonstrar o que tenho vivido diariamente. Apesar de tudo, é preciso lutar e viver... buscar ser feliz! Vale muito a pena acreditar na vida, ela é tão curta. Vale mais ainda acreditar em quem somos! Independente de religião, acredite em Deus. Faça maravilhas em sua vida. Embora muitas vezes não acreditamos...somos importantes para muitas pessoas. Reflitam isso! 



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