A.S.
17 de abr. de 2012
DEPOIMENTO
Tenho buscado há muitos anos esta auto-indagação, QUEM EU SOU, com o intuito de definir o homem do Antes e do Depois, para chegar finalmente a formatar o conceito do homem do Agora, ainda em tratamento depressivo e de dependência. Mesmo buscando exaustivamente este conceito, estou quase convencido que jamais irei estribar-me numa personalidade do homem do Agora limpo e livre das arestas do homem do Antes e do Depois, já que o passado ainda que remoto, atormenta como fantasma esta mente perturbada e confusa com sentimentos de culpa, ressentimentos e pensamentos suicidas. Talvez seja até um sonho, um dia poder conviver com o homem do Agora, sem antes reprisar como de rotina acontece as angustias do Antes e do Depois, já que toda a formação da minha personalidade foi construída sob os pilares do mundo afora, após ser expulso de casa na adolescência em decorrência do excessivo modo de fazer uso do álcool. Muitas vezes tenho me resguardado em silêncio no isolamento de meu quarto para não trazer preocupações mais para família e gerar um somatório ainda mais elevado dos sentimentos de culpa, já que o companheiro inseparável da depressão, é hospedeiro constante de minha corroída mente de desprezo, comungando com os mais ousados pensamentos de profunda solidão e desgosto. Sei que tenho dotes de fácil inteligência e aguçado raciocínio, além de timidez em expressar sentimentos ocultos, principalmente de amor platônico. Sou participativo, criativo e inventivo, não sou muito humilde, mais muito sonhador e aventureiro, daquele que gosta de correr risco e encarar desafios. Gosto de viajar e de uma boa comida nordestina, cinema, arte e praia é comigo mesmo, mas sou também extremista naquilo que é meu e do outro. Gosto de presentear e fico tímido ao ser presenteado, companheirismo e amizade são os meus fortes, adoro praticar sexo explícito entre quatro paredes, gosto de escolher o que quero, principalmente, mulher, tenho profunda admiração por mulheres inteligentes e independentes, sou honesto com as finanças mais desonesto em emitir a essência da verdade em alguns momentos para não ferir pessoas, gosto de apreciar a engenharia mecânica de veículos como motores possantes e valentes. No entanto, tenho serias dificuldades em aceitar minha condição de alcoólico no contexto social, já que sou atormentado sistematicamente pela compulsão e oscilantes depressões. Estou certo e consciente de minha impotência de beber controlado, que tenho vários motivos para não voltar a beber, em contrapartida, tenho três motivos fortes para voltar a beber, “sou alcoólatra, depressivo e compulsivo”. Diante de um processo de sensibilidade emocional desequilibrada e fragilizada com oscilações semanais de crises depressivas, muitas vezes tenho me decepcionado e isto resulta em um completo desânimo e isolamento de vida, reanimado, pelas mãos de pessoas importantes na minha vida, comprometidas em ajudar a salvar vidas e cúmplices do acolhimento do converso como assim fosse meu refúgio e esperança. Como você pode ver, é difícil definir o Antes do Depois para se chegar ao homem do Agora, sem antes degustar o gosto âmago do passado.
15 de abr. de 2012
Depressão e Preconceito: ANSIEDADE & TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Depressão e Preconceito: ANSIEDADE & TRANSTORNOS DE ANSIEDADE: Ansiedade é uma característica biológica dos seres humanos, podendo ser caracterizada como nervosismo, que antecede momentos de perigo re...
ANSIEDADE & TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Ansiedade é uma característica biológica dos seres humanos, podendo ser caracterizada como nervosismo, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, taquicardia, medo intenso, sensação de aperto no tórax, transpiração, respiração rápida, ofegante etc. Porém, a maioria dos casos de ansiedade acomete pessoas com depressão.
Causas
A ansiedade e o medo, não surgem na vida da pessoa por uma escolha. Acredita-se que vivências interpessoais e problemas na primeira infância possam ser importantes causas desses sintomas. Além disso, existem causas biológicas como anormalidades químicas no cérebro ou distúrbios hormonais. Ansiedade é um estado emocional que se adquire como consequência de algum ato. Todas as pessoas podem sentir ansiedade, principalmente com a vida atribulada atual. Dependendo do grau ou da frequência, pode se tornar patológica e acarretar muitos problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade. Portanto, nem sempre é patológica.
A Ansiedade em níveis muito altos, ou quando apresentada com a timidez ou depressão, impede que a pessoa desenvolva seu potencial intelectual. O aprendizado é bloqueado e isso interfere não só no aprendizado da educação tradicional, mas na inteligência social. O indivíduo fica sem saber como se portar em ocasiões sociais ou no trabalho, o que pode levar a estagnação na carreira.
Manifestações
As pessoas ansiosas têm um vasto número de sintomas. Muitos resultam de um aumento da estimulação do sistema nervoso vegetativo ou autónomo, que controla o reflexo ataque-fuga. Outros são somatizações, ou seja, os doentes convertem a ansiedade em problemas fisicos, incluindo dores de cabeça, distúrbios intestinais e tensão muscular.
Cerca da metade das pessoas com ansiedade sofrem principalmente de sintomas físicos, normalmente localizados no intestino e no peito. Conforme a sintomatologia, a ansiedade pode ser classificada em vários transtornos, mas sempre quando há um grau patológico, definido como aquele que causa interferência nas atividades normais do indivíduo.
Sintomas
- Fadiga
- Insônia
- Falta de ar ou sensação de sufoco
- Formigamento nas mãos e nos pés
- Confusão
- Instabilidade ou sensação de desmaio
- Dores no peito e palpitações
- Afrontamentos, arrepios, suor frio, mãos úmidas
- Boca seca
- Contrações ou tremores incontroláveis
- Tensão muscular, dores
- Necessidade urgente de defecar ou urinar (diarréias, incontinência urinária)
- Dificuldade em deglutição
- Sensação de ter um "nó" na garganta
- Dificuldades para relaxar
- Insônia
- Tontura e vertigem
- Vômitos incontroláveis
- Sensação de impotência
Tratamento
O tratamento é feito com psicoterapia e medicamentos, dentre os quais ansiolíticos e antidepressivos. O tratamento é iniciado com ansiolíticos como, por exemplo, os benzodiazepínicos. Logo após a estabilização do paciente, o médico pode prescrever um antidepressivo para o controle da ansiedade. Outra classe de medicamentos também utilizada são a dos beta-bloqueadores. É sempre importante que o paciente consulte um médico, pois esses medicamentos são normalmente controlados.Há algumas técnicas que auxiliam na prevenção e tratamento da ansiedade:
Relaxamento, respirar profundamente algumas vezes do dia, praticar esportes ou caminhada, evitar café, bebidas e produtos que contenham estimulante (coca, cafeína, cigarro), alongamento e meditação, observar os pensamentos e direcioná-los para que sejam agradáveis.
Transtornos de Ansiedade
A ansiedade pode se manifestar em três níveis: neuroendócrino, visceral e de consciência. O nível neuroendócrino diz respeito aos efeitos da adrenalina, noradrenalina, glucagon, hormônio antidiurético e cortisol. No plano visceral a ansiedade é devida ao Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que reage excitando o organismo na reação de alarme (sistema nervoso simpático) ou relaxamento (sistema vagal) na fase de esgotamento.
Sintomas
Os principais sintomas do transtorno de ansiedade são a inquetação, palpitações, sudorese ou opressão no peito, sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarréia. Outros apresentam mal estar respiratório, tensão muscular. Enfim,os sintomas físicos e viscerais variam de pessoa para pessoa. Em mulheres pode causar disfunção hormonal, num ponto capaz de suspender a menstruação.
Tipos de Ansiedade
. Normal
A ansiedade é uma reação normal, dita bio-adaptativa. Ou seja, é uma resposta do corpo a algum tipo de estressor externo; por exemplo, diante de uma ameaça (um predador), o organismo deve reagir aumentando seu ritmo para que este possa se preparar para a fuga. O ritmo cardíaco aumenta, há contração de vasos periféricos para que se concentre sangue em áreas vitais, a respiração aumenta sua freqüência. Portanto, todas estas reações são normais e preparam o indivíduo para enfrentar o estressor externo. É uma sensação difusa, desagradável de apreensão acompanhadas por várias sensações físicas.. Patológica
A ansiedade se torna patológica em dois momentos:1) Quando o corpo reage excessivamente a um estímulo, ou seja, quando a ansiedade é desproporcional ao estímulo e transforma uma reação adaptativa em reação desadaptativa, ou mesmo quando ela aparece relacionada a estímulos que normalmente não gerariam ansiedade;
2) Quando ocorre ansiedade na ausência de estímulo deflagrador. Os transtornos de ansiedade mais comuns são:
- Síndrome do pânico
- Fobias
- Fobia social
- Agorafobia (medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão)
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático
- Transtorno de Ansiedade Generalizada
A ansiedade patológica caracteriza-se pela intensidade prolongada à situação precipitante, tornando difícil o controle dos sintomas físicos causando prejuízo na atividade social, dificultando e impossibilitando a adaptação. Ao contrário da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, trazendo prejuízos ao seu bem estar.
Tratamento
Há muitos tratamentos, alguns apresentam comprovação científica e outros não. Para a ansiedade normal usam-se métodos tais como técnicas de relaxamento, yoga, acupuntura, caminhadas etc. Já para a ansiedade patológica pode ser necessário o uso de medicação.No geral, o tratamento pode dividir-se em três partes:
- Medicação: geralmente antidepressivos e benzodiazepíncos (calmantes) são as medicações mais comumente empregadas, quando o psiquiatra ou o clínico julga necessário usá-las;
- Psicoterapia: fundamental para saber a origem da ansiedade e como lidar com ela; a associação medicação + psicoterapia tem ótimos resultados;
- Mudança de hábitos de vida: exercícios físicos, acupuntura, yoga, otimização dos horários de trabalho, higiene do sono, criação de "áreas de lazer" na grade horária semanal. Tais mudanças também são fundamentais para auxiliar o indivíduo a ficar menos ansioso.
Referências
6 de jan. de 2012
Transtorno Afetivo Bipolar
O transtorno afetivo bipolar (TAB) era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, recebe o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresenta um episódio maníaco, tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer o diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II.
Tipo I: é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas.
Tipo II: caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.
O paciente se sente bem, realmente bem...na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.
Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.
A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, recebe o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresenta um episódio maníaco, tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer o diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II.
Tipo I: é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas.
Tipo II: caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Fase Maníaca
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias.. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.Fase Depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.
O paciente se sente bem, realmente bem...na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.
Sintomas (maníacos)
Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.
A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.
Generalidades
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.
Causas da Doença
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.
Tratamento
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos.
31 de dez. de 2011
Depressão nas Festas do Final de Ano
As festas de final de ano são grandes potencializadoras das emoções. Assim, facilmente leva a um quadro depressivo nas pessoas que estão mais fragilizadas emocionalmente. Ou podem agravar os sintomas naqueles que já convivem com a depressão.
Parece estranho como festividades e suas expressões reconhecidamente felizes são capazes de “maltratar” as pessoas.
O natal está cheio de fatores afetivos fortíssimos como a reunião de família, prestígio entre as pessoas, expectativa dos presentes (que compramos e vamos receber), recordações da infância, os próprios enfeites de natal, as nossas realizações e tantas frustrações do ano. As festas do final de ano são, de todas comemorações, a mais emocionantes.
Por conta disso, precisamos estar atentos como estamos vendo e sentido as nossas emoções nesses dias.
Cada vez mais o espírito natalino não é visto como o nascimento de Cristo e, sim, como mais uma data onde não se pode esquecer de comprar o presente do filho, dos pais, do companheiro, do amigo e assim por diante. Ir às compras, ao invés de ser um prazer, pode ser um grande estresse. Seja pela quantidade de gente comprando, seja comparando o que os outros compram que não podemos comprar. Quer dizer, o que importa é o bem material, o que você pode oferecer financeiramente, o quanto você vale em dinheiro, e não o que se tem de sentimento, de amor e companheirismo. Isso causa angústia e ansiedade, frustração e depressão.
Chega-se ao ponto das pessoas ficarem exaustas e mal humorados já alguns semanas ou dias antes do natal. Assim, facilmente um quadro depressivo se instala. As pessoas passam a não querer participar das comemorações do final de ano, tornam-se isoladas, facilmente choram, pedem para que o natal e ano novo passem logo e que ninguém ligue para elas. Acha que no ano seguinte tudo irá melhorar. Janeiro começa e a depressão só se agrava, precisando logo iniciar um tratamento médico.
O natal e as comemorações do final de ano mudaram. Agora, mais do que nunca, precisam ser repensadas para serem vividas com expectativas mais viáveis de uma experiência que nos traga esperança, felicidade e sossego no coração.
13 de dez. de 2011
"A sabedoria de um homem não está em não errar e não passar por sofrimentos, mas no destino que ele dá aos seus erros e sofrimentos. Quem consegue eliminar todos os erros e angústias da vida? Ninguém! Não há uma pessoa se quer que passe por desertos emocionais . Os sofrimentos podem nos destruir ou nos enriquecer. Todas as pessoas portadoras de alguma doença psíquica, não deveriam se punir e mergulhar numa esfera de sentimentos de culpa, não importa a extensão de sua doença e a freüência de suas recaídas. Ao contrário, devem assumir com coragem e desafio suas misérias e usá-las como fertilizante para enriquecer sua história. Nisto consiste a sabedoria.
Não devemos esquecer de que os que passam pelo caos e o superam ficam mais bonitos por dentro. Os que passam pela depressão, síndrome do pânico, dependência de drogas, e as vencem, tornam-se poetas da vida. Conquistam experiência, solidariedade e sabedoria."
10 de dez. de 2011
A falta de alegria é o aspecto revelador de mágoa, aflição, melancolia...tristeza. Conviver com a depressão é difícil, é exaustivo. Os dias são desiguais, as nossas rotinas se transformam. Me questiono diariamente o porque de tanta angústia. Eu diria, que são tantos sentimentos negativos somatizados a um ego sensibilizado e afetado pela dor. Talvez um dos piores sentimentos que um ser humano possa sentir. Tento defini-lo em palavras mas não consigo. Eu desaprendi a filtrar os estímulos estressantes e a minha insegurança.
Desde o início da minha depressão, venho apresentando muitas recaídas. Mas a terapia, me ensinou que isto não significa ter perdido uma guerra, e sim uma batalha. O complicado é ter estímulo para recomeçar, acreditar em algo novo, reencontrar a felicidade. Por vezes penso que não tenho mais credibilidade. Muitos me julgam, outros me definem e há aqueles que apenas criam a mulher descompromissada. O preconceito hoje, faz parte da minha vida. Eu sou apenas uma farmacodependente que sobrevivo dia após dia. Minha personalidade está se destruindo gradativamente. A sociedade e o Estado condenam os transtornos mentais. Não quero desistir de mim, mas abrir a mente para uma nova vida se torna impossível quando não existem oportunidades.
Tento encontrar maneiras para sentir alegria, mas vivo em pleno estresse crônico, o que contrai e reduz o meu prazer em viver. Isso é aprisionar a alma!
Desde o início da minha depressão, venho apresentando muitas recaídas. Mas a terapia, me ensinou que isto não significa ter perdido uma guerra, e sim uma batalha. O complicado é ter estímulo para recomeçar, acreditar em algo novo, reencontrar a felicidade. Por vezes penso que não tenho mais credibilidade. Muitos me julgam, outros me definem e há aqueles que apenas criam a mulher descompromissada. O preconceito hoje, faz parte da minha vida. Eu sou apenas uma farmacodependente que sobrevivo dia após dia. Minha personalidade está se destruindo gradativamente. A sociedade e o Estado condenam os transtornos mentais. Não quero desistir de mim, mas abrir a mente para uma nova vida se torna impossível quando não existem oportunidades.
Tento encontrar maneiras para sentir alegria, mas vivo em pleno estresse crônico, o que contrai e reduz o meu prazer em viver. Isso é aprisionar a alma!
"A vida humana não suporta ser aprisionada" Augusto Cury
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